Eu, perdido na sombra de outro Eu

15/07/2011 13:20

 

Eu, perdido na sombra de outro Eu

 

 

Uma tristeza cai em meu coração:

Mais um dia!

Mais um dia, sinto-me só

E ausente de mim mesmo

Por eu me deixar mais só, ainda,

Por viver sonhando.

Típico sonhador soerguidos

Entre nuvens de pensamentos,

Fábulas, sonhos, mitos...

E esta solidão tão amiga,

Tão presente em minha vida

Em quase áspera pena.

 

 

Esta tristeza tempera

Com lágrimas langues

Os meus olhos tão calmos.

 

Meus pensamentos fluem

Como pulsos involuntários

De minha inflamável moléstia,

E vejo-me tão triste,

Tão triste gênero de vida,

Estereotipo mórbido de existência.

 

Uma tristeza cai em meu coração,

Na alma, embora, tenha um vívido ardor

Pulsando dentro de mim,

Há, também, uma inquietude que me cala.

 

 

Assombrado coração que se lança

Ao imensurável ocultismo das artes.

Eu, ser rastejante noctívago

Na tríade crônica de meu ser.

Eu: homem, poeta e sua sombra,

Genocida de mim mesmo

Na tempestade sagaz e fugidia!

Eu – parte do passado,

Ente do presente e do que há por vir.

 

Eu, termo interminante,

Intransferível, mutável por natureza.

A natureza, toda transformação

Individual do ser...

 

A minha alma enterra

No seu profundo ser,

A lida de outro ser,

Nela, a dualidade inerente

A toda minha irrisão e eloqüência

De homem e sua sombra.

 

Necrosastes pensares vão além do ser sombrio...

Sonhares, em vão, me assombra

Por quase sua perfeita imitação à vida.

 

Vivo sem viver a vida!

Filho da carne e sangue!

Decrépito, jazo em meu decadente ser.

Meu coração, inverno completo

Como ilusões que fenecem

Na ruptura obsoleta.

 

Tenho em mim, iracundo ser

Que fecunda abruptamente

A consternação do amor

Que sinto ao voluptuoso

E lânguido adormecer,

De não querer viver,

Dilacerando todo ébrio engano:

Este Mundo feito de aparências.