Eu, perdido na sombra de outro Eu
Eu, perdido na sombra de outro Eu
Uma tristeza cai em meu coração:
Mais um dia!
Mais um dia, sinto-me só
E ausente de mim mesmo
Por eu me deixar mais só, ainda,
Por viver sonhando.
Típico sonhador soerguidos
Entre nuvens de pensamentos,
Fábulas, sonhos, mitos...
E esta solidão tão amiga,
Tão presente em minha vida
Em quase áspera pena.
Esta tristeza tempera
Com lágrimas langues
Os meus olhos tão calmos.
Meus pensamentos fluem
Como pulsos involuntários
De minha inflamável moléstia,
E vejo-me tão triste,
Tão triste gênero de vida,
Estereotipo mórbido de existência.
Uma tristeza cai em meu coração,
Na alma, embora, tenha um vívido ardor
Pulsando dentro de mim,
Há, também, uma inquietude que me cala.
Assombrado coração que se lança
Ao imensurável ocultismo das artes.
Eu, ser rastejante noctívago
Na tríade crônica de meu ser.
Eu: homem, poeta e sua sombra,
Genocida de mim mesmo
Na tempestade sagaz e fugidia!
Eu – parte do passado,
Ente do presente e do que há por vir.
Eu, termo interminante,
Intransferível, mutável por natureza.
A natureza, toda transformação
Individual do ser...
A minha alma enterra
No seu profundo ser,
A lida de outro ser,
Nela, a dualidade inerente
A toda minha irrisão e eloqüência
De homem e sua sombra.
Necrosastes pensares vão além do ser sombrio...
Sonhares, em vão, me assombra
Por quase sua perfeita imitação à vida.
Vivo sem viver a vida!
Filho da carne e sangue!
Decrépito, jazo em meu decadente ser.
Meu coração, inverno completo
Como ilusões que fenecem
Na ruptura obsoleta.
Tenho em mim, iracundo ser
Que fecunda abruptamente
A consternação do amor
Que sinto ao voluptuoso
E lânguido adormecer,
De não querer viver,
Dilacerando todo ébrio engano:
Este Mundo feito de aparências.